UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU
CUSRSO DE ESPECIALIZAÇÃO PSICOPEDAGÓGIA INSTITUCIONAL E CLÍNICA
BASES NEUROPSICOLÓGICAS DA APRENDIZAGEM
NEUROPSICOLOGIA APLICADA AOS DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM: A neuropsicologia e a aprendizagem.
Agosto – 2008
Fortaleza – Ceará
SUMÁRIO
Resumo..............................................................................................................................................
Summary...........................................................................................................................................
Apresentação......................................................................................................................................
Introdução..........................................................................................................................................
Referencial teórico: DSM-IV e CID-10.............................................................................................
Aprendizagem e saúde mental...........................................................................................................
Neuropsicologia e inteligência...........................................................................................................
Avaliação neuropsicológica...............................................................................................................
Inteligência e demência......................................................................................................................
Psicopedagógia e neuropsicologia aplicada aos distúrbios da aprendizagem...................................
Transtornos da Leitura.......................................................................................................................
Transtornos da Matemática...............................................................................................................
Transtornos da expressão escrita......................................................................................................
Transtornos da Aprendizagem(difusa)...............................................................................................
Fala, linguagem e ortografia..............................................................................................................
Condições neurológica ou perturbação sensorial...............................................................................
Deficiência de leitura para faixa etária excedente............................................................................
Síntese conceitual dos temas derivados:
Apraxias.............................................................................
Agnosias. ...........................................................................
Afasias. ..............................................................................
Dislexias.............................................................................
Agrafias. ............................................................................
Amusias. ............................................................................
Acalculia. ..........................................................................
Conclusão..........................................................................................................................................
Bibliografia........................................................................................................................................
Resumo.
A Neuropsicologia é um ramo da ciência cujo objetivo específico e peculiar é a investigação do papel de sistemas cerebrais individuais em formas complexas de atividade mental. O cérebro é estudado como um conjunto funcional capaz de receber, armazenar, programar, planificar, decidir, realizar e auto-regular funções distribuídas pelas unidades funcionais. Portanto, a aprendizagem é uma função do cérebro... é uma resultante de complexas operações neurofisiológicas e, que neste processo investigativo das funções cognitivas, a neuropsicologia vem corroborar e esclarecer o como e onde se processa a aprendizagem.
Summary.
The Neuropsychology is a branch of science whose goal is the specific and unique research on the role of individual brain systems in complex forms of mental activity. The brain is studied as a functional set capable of receiving, storing, plan, plan, decide, implement and self-regulating functions distributed among functional units. Therefore, learning is a function of the brain ... is a result of complex operations neurofisiológicas and, in this investigative process of cognitive functions, the neuropsychology has the support and clarify how and where the learning takes place.
Apresentação.
Capítulo I
Introdução.
Capítulo II
Referencial teórico: DSM-IV e CID-10
O presente trabalho do grupo 3, se caracteriza por uma pesquisa teórica com texto descritivo, e têm como referencial teórico: DSM-IV e CID-10.
DSM-IV - Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais
O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais é uma publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª edição conhecida pela designação “DSM-IV”. Este manual fornece critérios de diagnóstico para a generalidade das perturbações mentais, incluindo componentes descritivas, de diagnóstico e de tratamento, constituindo um instrumento de trabalho de referência para os profissionais da saúde mental.
Desde a publicação original da DSM-IV em 1994, observaram-se já muitos avanços no conhecimento das perturbações mentais e das doenças do foro psiquiátrico. Neste sentido, existem já várias publicações que incorporam os resultados das investigações mais recentes, com destaque para a DSM-IV-TR. Para mais informações visite o website da American Psychiatric Publishing, Inc. (APPI).
CID-10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde
A 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças adoptou a denominação "Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde" sendo, na prática conhecida por "CID-10". Esta Classificação foi aprovada pela Conferência Internacional para a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças, convocada pela Organização Mundial de Saúde, realizada em Genebra no ano de 1989, tendo a CID-10 entrado em vigor apenas a 1 de Janeiro de 1993, após a necessária preparação de material de orientação e formação. A sua implementação em Portugal ocorreu antes do ano 2000, sendo já utilizada nas estatísticas oficiais De saúde. O copyright da CID-10 pertence à Organização Mundial de Saúde - OMS.
O que é a CID na versão original.
International Classification of Diseases (ICD)
ICD-10 was endorsed by the Forty-third World Health Assembly in May 1990 and came into use in WHO Member States as from 1994. The classification is the latest in a series which has its origins in the 1850s. The first edition, known as the International List of Causes of Death, was adopted by the International Statistical Institute in 1893. WHO took over the responsibility for the ICD at its creation in 1948 when the Sixth Revision, which included causes of morbidity for the first time, was published.
The ICD has become the international standard diagnostic classification for all general epidemiological and many health management purposes. These include the analysis of the general health situation of population groups and monitoring of the incidence and prevalence of diseases and other health problems in relation to other variables such as the characteristics and circumstances of the individuals affected.
It is used to classify diseases and other health problems recorded on many types of health and vital records including death certificates and hospital records. In addition to enabling the storage and retrieval of diagnostic information for clinical and epidemiological purposes, these records also provide the basis for the compilation of national mortality and morbidity statistics by WHO Member States.
- History of ICD [pdf, 148kb] [pdf 152kb]
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ICD ADAPTATIONS
- International Classification of Diseases for Oncology, 3rd Edition (ICD-O-3)
- International Classification of External Causes of Injury (ICECI)
- International Classification of Primary Care, Second edition (ICPC-2)
HISTORY OF UPDATES
ICD-10 Updates
Language Versions
ICD-10 is available in the six official languages of WHO (Arabic, Chinese, English, French, Russian and Spanish) as well as in 36 other languges.
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International Classification of Functioning, Disability and Health
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Versão:
Classificação Internacional de Doenças (CID) CID-10 foi aprovado pelo Quarenta a Assembléia Mundial da Saúde em maio de 1990 e entrou em uso nos Estados-Membros OMS, a partir de 1994. A classificação é o último de uma série que tem suas origens na década de 1850. A primeira edição, conhecida como a Lista Internacional de Causas de Morte, foi aprovado pelo Instituto Estatístico Internacional em 1893. OMS assumiu a responsabilidade pelo CID, na sua criação, em 1948, quando a Sexta Revisão, que incluiu causas de morbilidade, pela primeira vez, foi publicada. O CID tornou-se o padrão internacional de diagnóstico classificação geral para todos os epidemiológica e de gestão da saúde, muitos efeitos. Estas incluem a análise da situação geral da saúde da população e de grupos de acompanhamento a incidência e prevalência de doenças e outros problemas de saúde em relação a outras variáveis, tais como as características e circunstâncias dos indivíduos afetados. Ele é usado para classificar doenças e outros problemas de saúde registados em muitos tipos de saúde e de registros vitais incluindo a morte de certificados e de registros hospitalares. Além de permitir o armazenamento e recuperação de informações de diagnóstico para fins clínicos e epidemiológicos, esses registros também fornecer a base para a elaboração dos planos nacionais de mortalidade e morbilidade estatísticas da OMS os Estados-Membros.
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-- Classificação Internacional de causas externas das lesões (ICECI)
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CID-10 está disponível nas seis línguas oficiais da OMS (árabe, chinês, Inglês, francês, russo e espanhol), bem como em 36 outros languges.
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A pesquisa foi iniciada.
Capítulo II
Aprendizagem e saúde mental
Capítulo III
Neuropsicologia e inteligência
Capítulo IV
Avaliação neuropsicológica
Capítulo V
Inteligência e demência
Capítulo VI
Psicopedagógia e neuropsicologia aplicada aos distúrbios da aprendizagem
Transtornos da aprendizagem: conceito, quadro clínico e avaliação DIAGNÓSTICA na visão da Psiquiatria Infantil.
Histórico do conceito:
As observações iniciais sobre as anormalidades da leitura e escrita, datam de 1887, quando Berlin, médico oftalmologista alemão, descreveu em adultos lesionados, o termo “dislexia” (Cypel, 1994). Em 1925, Samuel T. Orton reuniu 65 crianças com várias dificuldades de leitura, escrita e soletração, e atribuiu a isto o fato da maioria ser de canhotos, ambidestros ou apresentarem lateralidade cruzada (Cypel, 1994). Na mesma época, Dupré descreveu um grupo de crianças que apresentavam dificuldades no aprendizado escolar, cujo comportamento caracterizava-se pela inquietude, curta fixação da atenção e atitude desajeitada (Dupré, 1925). Em 1947, o tema é retomado por Strauss e Lethinen, que se referem a estas crianças como portadoras de “lesão cerebral mínima”, termo largamente utilizado porém sem maiores comprovações através de exames que demonstrassem estas “lesões”. Em 1962, em Oxford, Inglaterra, o termo “lesão” foi substituído por “disfunção cerebral mínima”. A partir de então surgiram várias publicações sobre esta “disfunção”, cuja principal manifestação era a dificuldade escolar, fazendo com que estes dois conceitos tivessem o mesmo significado (Cypel, 1994). Esta “disfunção” nunca foi devidamente caracterizada, e outros fatores que influenciam no aprendizado escolar começaram a ser notados e melhor estudados, levando este termo ao desuso. O termo “dislexia” é amplamente utilizado na denominação das anormalidades do desenvolvimento das habilidades escolares, principalmente leitura e escrita, e cuja definição é imprecisa( Stanovich, 1994). O conceito de “dificuldade de aprendizagem” passou por várias etapas, no entanto ainda hoje não há um consenso sobre sua definição. Hammill (1990) publicou uma síntese da sucessão histórica desses conceitos, fulcrado em uma literatura anglófona. A primeira definição de que se tem relato é a proposta por Kirk, apresentada em 1963, afirmando que “Uma dificuldade de aprendizagem refere-se a um retardamento, transtorno, ou desenvolvimento lento em um ou mais processos da fala, linguagem, leitura, escrita, aritmética ou outras áreas escolares, resultantes de um handicap causado por uma possível disfunção cerebral e/ou alteração emocional ou de conduta. Não é o resultado de retardamento mental, de privação sensorial ou fatores culturais e instrucionais.” Esta definição foi reestudada e reapresentada mais tarde no National Advisory Committee on Handicapped Children (1968) e na United States Office of Education (1977). Garcia,1998, com base na definição do “National Joint Committee on Learning Disabilities” de 1988, define dificuldade de aprendizagem como um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção e interação social, mas que não constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que estas possam ocorrer concomitante com outras condições incapacitantes (por exemplo: deficiência sensorial, retardo mental, transtornos emocionais graves) ou por influências extrínsecas (diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente) não são o resultado dessas condições ou influências. A Organização Mundial de Saúde na Classificação Internacional de Doenças CID-10 (WHO, 1992), denomina de transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares - F81, e os coloca no bloco dos Transtornos do desenvolvimento psicológico - F80. A Associação Americana de Psiquiatria, no seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), apresenta definições também descritivas, no sentido de que não propõe causas nem teorias na base destas definições. Até o DSM-III-R (APA, 1989), os transtornos da aprendizagem eram denominados como Transtornos das Habilidades Escolares e estavam relacionados sob o diagnóstico do Eixo II de transtornos específicos do desenvolvimento. No DSM-IV (APA, 1995), estão numa seção separada, a dos Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou Adolescência. A definição destes transtornos, conforme o DSM-IV (APA, 1995) é: “um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e educação apropriadas à idade.” A estes transtornos incluem-se transtornos de leitura, transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno da aprendizagem sem outra especificação. Essas inabilidades não se devem a transtornos físicos ou neurológicos demonstráveis ou a um transtorno global do desenvolvimento, ou a um retardo mental. Atualmente acredita-se que estes transtornos têm origem em anormalidades do processo cognitivo, derivadas, em grande parte, de algum tipo de disfunção biológica ainda não testadas e comprovadas através dos métodos convencionais de análise laboratorial e de imagem do sistema nervoso central. Como em outros transtornos do desenvolvimento, essas condições são substancialmente mais comuns em meninos do que em meninas, numa razão que varia de 3:1 a 5:1 (Lewis, 1995; Ackerman et al., 1983; Finucci e Childs, 1981; Rutter et al., 1976).
1.2- Critérios Diagnósticos:
A definição dos critérios para o diagnóstico dos transtornos da aprendizagem esbarra na dificuldade conceitual e na grande variedade de denominações sinônimas. A definição proposta por Garcia,1998, por exemplo , fala de “dificuldade de aprendizagem” e “transtornos da aprendizagem” como a mesma entidade. Sabe-se empiricamente que a “dificuldade” aparece em várias situações intrínsecas ao indivíduos e relacionadas ao ambiente externo, conforme representado graficamente na figura 1. E por definição os transtornos da aprendizagem não podem ser explicados por estas condições.
Figura 1- Fluxograma de avaliação da dificuldade de aprendizagem (Ostrander, 1993)
De acordo com a CID-10 (WHO, 1992) encontramos outros cinco tipos de dificuldades para este diagnóstico. Primeiro, há necessidade de diferenciar os transtornos das variações normais durante o processo escolar. Segundo, há necessidade de considerar o curso do desenvolvimento, considerando gravidade e mudança no padrão. Terceiro, a dificuldade de se estabelecer o que é ensinado e aprendido. As habilidades de uma criança dependem das circunstâncias familiares e escolares, bem como das características pessoais. Quarto, a dificuldade de diferenciar, em uma criança, anormalidades do processo cognitivo que causam dificuldades de leitura daquelas que derivam ou estão associadas à pobreza das habilidades de leitura. Lembrando que transtornos de leitura podem ser decorrentes de mais de um tipo de anormalidade cognitiva. Quinto, há incertezas sobre a melhor forma de subdividir os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares. As características de cada país em relação ao ensino formal variam, sendo este mais um fator complicador para se estabelecer definições operacionais de transtornos de habilidades escolares, com validade internacional. O diagnóstico dos transtornos da aprendizagem é descritivo e feito quando os resultados de testes padronizados (Wisc, Bender etc.), aplicados individualmente, para leitura, matemática ou expressão escrita, são significativamente abaixo do esperado para a idade, escolarização e nível de inteligência, conforme DSM-IV (APA, 1995). Transtorno da Leitura: caracteriza-se por um comprometimento do reconhecimento de palavras, leitura fraca e inexata, e baixa compreensão da leitura na ausência de déficits de inteligência ou de memória significativa (Kaplan, 1997). O termo dislexia, amplamente usado no passado para transtorno de leitura, está em desuso, pois este transtorno é freqüentemente acompanhado por deficiências em outras aptidões acadêmicas, sendo mais adequado usar termos mais gerais como transtorno de aprendizagem (Kaplan, 1997). De acordo com DSM-IV (APA, 1995), transtorno de leitura consiste em um rendimento da leitura substancialmente inferior ao esperado para idade cronológica, inteligência medida e escolaridade, sendo este o primeiro critério diagnóstico para este transtorno. O segundo é que a perturbação da leitura interfere significativamente no rendimento escolar ou nas atividades na vida diária que exigem leitura. E o terceiro critério é, na presença de um déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem aquelas geralmente a estes associadas. Conforme a CID-10 (WHO, 1992), as crianças com transtornos específicos de leitura, com freqüência, têm história de comprometimento da fala, linguagem e ortografia.
Estudos epidemiológicos estimam 2 a 8% de crianças na idade escolar, nos Estados Unidos tenham transtorno de leitura (Kaplan, 1997). Este transtorno provavelmente tem etiologia multifatorial; várias causas são inferidas, a partir de estudos realizados nos países desenvolvidos. Pode ser uma manifestação de atraso evolutivo ou maturativo. Um transtorno de leitura severo pode estar associado a problemas psiquiátricos, podendo resultar destes ou ser a causa de transtornos emocionais e comportamentais (Silver, 1995). O transtorno de leitura, em geral torna-se notável aos 7 anos, durante a primeira série, podendo ser evidente antes ou depois, até os 9 anos. As crianças com este transtorno cometem muitos erros de leitura oral. Esta se caracteriza por omissões, adições e distorções de palavras. Essas crianças têm dificuldade para distinguir os caracteres e os tamanhos de letras impressas, especialmente as que diferem apenas na orientação espacial e no comprimento do traço (Shephered et al., 1989). O ritmo de leitura é lento, freqüentemente com compreensão mínima, e soletrar é quase sempre muito ruim. A maioria das crianças, com este transtorno, não gosta de ler , escrever e evita fazê-lo, demonstrando grande ansiedade quando chamadas à leitura. Transtorno da Matemática: consiste essencialmente numa deficiência na execução das habilidades aritméticas esperadas para a aptidão intelectual e nível educacional do indivíduo (Kaplan, 1997). Essas habilidades são medidas por testes padronizados aplicados individualmente, e as dificuldades excedem os prejuízos associados a quaisquer déficits neurológicos ou sensoriais existentes. O transtorno da matemática, ou discalculia, só foi considerado transtorno psiquiátrico a partir de 1980, com a terceira edição do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-III). A partir do DSM-IV (APA, 1995), o transtorno de matemática faz parte dos transtornos da aprendizagem. Os critérios diagnósticos para este transtorno são muito parecidos com os critérios usados para o transtorno de leitura, acima descrita, conforme o DSM-IV (APA, 1995). Foram identificados quatro grupos de habilidades comprometidas neste transtorno: habilidades lingüísticas, aquelas relacionadas ao entendimento dos termos matemáticos; habilidades perceptivas, capacidade de reconhecer e compreender símbolos; habilidades matemáticas, conhecimento das quatro operações; e habilidades de atenção, cópia e observação correta de símbolos operacionais. Dentre o grupo de crianças em idade escolar , que não apresentam retardo mental , cerca de 6% apresentam o transtorno da aprendizagem. A etiologia é desconhecida, provavelmente multifatorial. Pode-se detectar este problema já por volta da segunda ou terceira série, e alguns pesquisadores subdividem este transtorno em subcategorias (Kaplan, 1997). O transtorno de matemática freqüentemente coexiste com outros transtornos específicos do desenvolvimento, problemas de ortografia, déficits de memória ou atenção e problemas emocionais e comportamentais podem estar presentes. Não há uma relação evidente entre os transtornos de linguagem e o transtorno de matemática, mas essas condições coexistem (Silver, 1995). Transtorno da Expressão Escrita: baseia-se num desempenho consistentemente fraco do indivíduo na composição de textos (Kaplan, 1997). O desempenho na escrita é muito inferior ao esperado para a aptidão intelectual e escolaridade. É também chamado de disgrafia. As crianças apresentam muito cedo as inaptidões para grafia na escola. Tanto as frases faladas como escritas apresentam um grande número de erros gramaticais, e de organização de parágrafos. À medida que crescem apresentam frases cada vez mais curtas, primitivas e irregulares, incompatíveis com o avanço da escolaridade (Kaplan, 1997). Nota-se nessas crianças um progressivo desinteresse para freqüentar a escola e para fazer as tarefas, culminando por vezes em transtornos de conduta. Adultos que não receberam intervenção reparadora sofrem na adaptação social, bem como de um desconfortável senso de incompetência, inferioridade e afastamento (Silver, 1995). Transtorno da Aprendizagem Sem Outra Especificação: esta é uma nova categoria do DSM-IV (APA, 1995) para transtornos que não reúnem os critérios para qualquer transtorno de aprendizagem específico, mas que causam comprometimento e refletem aptidões abaixo das esperadas para a inteligência, escolaridade e idade do indivíduo. Podem incluir problemas nas três áreas: leitura, matemática e expressão escrita. Interferem significativamente no rendimento escolar, embora o desempenho nos testes que medem cada habilidade isoladamente não esteja acentuadamente abaixo do nível esperado, como dito acima. Aos critérios do DSM-IV (APA, 1995) somam-se outros descritos alguns autores que ampliam a definição destes transtornos. Enumeramos a seguir alguns critérios que devem ser caracterizados para o diagnóstico dos transtornos de leitura, escrita e cálculo. Os critérios de diagnóstico do DSM-IV (APA, 1995) são muito abrangentes e pouco descritivos. Encontramos na literatura especializada, critérios mais específicos que caracterizam melhor os transtornos da leitura , da matemática e da escrita. Abaixo temos os critérios de diagnóstico para os transtornos da leitura (Sacristan, 1995):
· dificuldade para diferenciar as letras;
· dificuldade para unir letras e sílabas;
· inversão de letras e sílabas;
· substituição de letras e sílabas;
· supressão ou adição de letras;
· leitura oral lenta, sem pontuação;
· falta de compreensão do que é lido.
As dificuldades de escrita são divididas em três categorias: transtornos gramaticais, fonológicos e visoespaciais (Garcia, 1998). As dificuldades de cálculo são definidas a partir do não cumprimento dos requisitos esperados para idade e condição maturacional. Estes requisitos têm como base à teoria de evolução de Piaget (Garcia, 1998) que para crianças de 3 a 6 anos espera-se:
- capacidade para compreender igual e diferente, ordenar objetos pelo tamanho, cor e forma, classificar objetos por suas características; compreender conceitos de longo, curto, pequeno e grande;
- fazer a correspondência de 1 a 1; usar objetos para soma simples;
- contar até 10; nomear formas e figuras complexas.
Entre 6 e 12 anos a criança deve;
- agrupar objetos de 10 em 10; dizer as horas, reconhecer dinheiro, medir objetos, medir volume,
- somar e subtrair, resolver problemas simples mentalmente
- contar a cada 2,5 e 10, julgar lapsos de tempo, estimar soluções.
O diagnóstico dos transtornos da aprendizagem apresenta um desafio para o clínico, principalmente quando necessário diferencia-los de outros que acometem a infância.
Avaliação diagnóstica:
O diagnóstico dos transtornos específicos da aprendizagem é geralmente feito quando a criança está na escola, pois estes não se tornam evidentes até o momento em que não existe demanda do trabalho acadêmico. A entrada na escola, nos países ocidentais se dá por volta dos sete anos (Selikowitz, 1998). Crianças na fase pré escolar podem apresentar extensa variação em suas habilidades e potencial cognitivo e não devem ser consideradas portadoras dos transtornos específicos da aprendizagem, uma vez que os testes padronizados para esta fase do desenvolvimento não são bons previsores de habilidades futuras (Selikowitz, 1998; Batshaw el al, 1997). A avaliação deve ser multidisciplinar, considerando todos os aspectos intrínsecos e extrínsecos ao sujeito (figura 1). Deve contar com profissionais médicos generalistas (pediatra), especialistas (neurologistas, psiquiatras da infância), psicólogos, pedagogos, educadores, fonoaudiólogos, especialistas em linguagem dentre outros. Todos os profissionais dentro de suas habilidades técnicas, devem avaliar o sujeito em seu momento do desenvolvimento neuropsicomotor, emocional e social, devem buscar causas, patologias e/ou comorbidades. O sucesso da intervenção/reabilitação está intimamente ligado ao diagnóstico correto e completo do sujeito com dificuldade para aprender. A idade do aparecimento dos sintomas dos transtornos específicos da aprendizagem está ligada ao potencial cognitivo, inteligência do indivíduo, quadros associados, como transtornos hipercinéticos, baixa auto estima, distúrbios de conduta, que podem mascar a dificuldade específica. Crianças com inteligência preservada podem desenvolver mecanismos compensatórios e ocultar suas dificuldades por vários anos (Garcia, 1998). As dificuldades de aprendizagem transitórias tendem a desaparecer com o amadurecimento neuropsíquico do indivíduo. Os critérios diagnósticos são determinados para crianças na idade escolar (DSM-IV (APA, 1995). Uma criança pode ter dificuldade para aprender por vários motivos. Retardo mental, paralisia cerebral, epilepsia e prejuízos sensoriais podem interferir no processo de aprendizagem. Os transtornos específicos do desenvolvimento da aprendizagem, também chamados de learning disabilities (LD), se referem a um grupo de transtornos cuja dificuldade de aprendizagem não é resultado direto dessas ou outras condições incapacitantes ou privações. Ao contrário, estas crianças apresentam prejuízos em algum aspecto do desenvolvimento viso-perceptivo e da linguagem, que interferem na aprendizagem (Batshaw el al, 1997). A definição dos critérios diagnósticos conforme o DSM-IV (APA, 1995)afirma o seguinte: os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de inteligência. Os problemas de aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Variados enfoques estatísticos podem ser usados para estabelecer que uma discrepância é significativa. Substancialmente abaixo da média em geral define uma discrepância de mais de 2 desvios-padrão entre rendimento e QI. Uma discrepância menor entre rendimento e QI (isto é, entre 1 e 2 desvios-padrão) ocasionalmente é usada, especialmente em casos onde o desempenho de um indivíduo em um teste de QI foi comprometido por um transtorno associado no processamento cognitivo, por um transtorno mental comórbido ou condição médica geral, ou pela bagagem étnica ou cultural do indivíduo. Em presença de um déficit sensorial, as dificuldades de aprendizagem podem exceder aquelas habitualmente associadas com o déficit. Os Transtornos da Aprendizagem podem persistir até a idade adulta. O profissional deve assegurar-se de que os procedimentos de testagem da inteligência refletem uma atenção adequada à bagagem étnica ou cultural do indivíduo. Isto geralmente pode ser conseguido com o uso de testes nos quais as características relevantes do indivíduo são representadas na amostra de estandardização do teste ou pelo emprego de um examinador familiarizado com aspectos da bagagem étnica ou cultural do indivíduo. A testagem individualizada sempre é necessária, para fazer o diagnóstico de Transtorno da Aprendizagem.
Diagnóstico diferencial
Uma vez que a escola é um lugar de manifestação de perturbações do sujeito em desenvolvimento, várias condições podem se manifestadas pela dificuldade de aprendizagem, sem que necessariamente seja um transtorno específico do desenvolvimento da aprendizagem, como descrito acima.
Os transtornos da aprendizagem devem ser diferenciados das variações normais na realização acadêmica e das dificuldades escolares devido à falta de oportunidade, ensino fraco ou fatores culturais. A escolarização inadequada pode resultar em fraco desempenho em testes estandardizados de rendimento escolar DSM-IV (APA, 1995). Crianças de bagagens étnicas ou culturais diferentes daquelas dominantes na cultura da escola ou cuja língua materna não é a língua do país, bem como as crianças que freqüentam escolas com ensino inadequado, podem ter fraca pontuação nestes testes. Crianças expostas a ambientes domésticos empobrecidos ou caóticos também. Um prejuízo visual ou auditivo pode afetar a capacidade de aprendizagem e deve ser investigado, por meio de testes de triagem audiométrica ou visual. Um Transtorno da Aprendizagem pode ser diagnosticado na presença desses déficits sensoriais apenas quando as dificuldades de aprendizagem excedem aquelas habitualmente associadas aos mesmos. As condições médicas gerais ou neurológicas concomitantes devem ser codificadas no Eixo III. No Retardo Mental, as dificuldades de aprendizagem são proporcionais ao prejuízo geral no funcionamento intelectual. Entretanto, em alguns casos de Retardo Mental Leve, o nível de realização na leitura, matemática ou expressão escrita está significativamente abaixo dos níveis esperados, dadas a escolarização e a gravidade do Retardo Mental do indivíduo. Nesses casos, aplica-se o diagnóstico adicional de Transtorno da Aprendizagem. Esse diagnóstico adicional de Transtorno da Aprendizagem deve ser feito no contexto de um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento apenas quando o prejuízo escolar estiver significativamente abaixo dos níveis esperados, levando em conta o funcionamento intelectual e a escolarização do indivíduo. Em indivíduos com Transtornos da Comunicação, o funcionamento intelectual pode precisar ser avaliado por medições estandardizadas da capacidade intelectual não-verbal. Em casos nos quais o rendimento escolar estiver significativamente abaixo desta medida de capacidade, aplica-se diagnóstico de Transtorno da Aprendizagem. O Transtorno da Matemática e o Transtorno da Expressão Escrita ocorrem, com maior freqüência, em combinação com o Transtorno da Leitura. Características e transtornos freqüentemente associados mas que não são a causa da dificuldade escolar como desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas habilidades sociais podem estar associados com os transtornos da aprendizagem. Os adultos com Transtornos da Aprendizagem podem ter dificuldades significativas no emprego ou no ajustamento social. Muitos indivíduos (10-25%) com Transtorno da Conduta, Transtorno Desafiador Opositivo, Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade, Transtorno Depressivo Maior ou Transtorno Distímico também têm Transtornos da Aprendizagem. Existem evidências de que atrasos no desenvolvimento da linguagem podem ocorrer em associação com os Transtornos da Aprendizagem (particularmente Transtorno da Leitura), embora esses atrasos possam não ser suficientemente severos para indicarem o diagnóstico adicional de Transtorno da Comunicação. Os Transtornos da Aprendizagem também podem estar associados com uma taxa superior de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação. Anormalidades subjacentes do processamento cognitivo (por ex., déficits na percepção visual, processos lingüísticos, atenção, memória ou uma combinação destes) freqüentemente precedem ou estão associadas com os Transtornos da Aprendizagem. Os testes estandardizados para a medição desses processos em geral são menos confiáveis e válidos do que outros testes psicopedagógicos. Embora predisposição genética, danos perinatais e várias condições neurológicas ou outras condições médicas gerais possam estar associados com o desenvolvimento dos Transtornos da Aprendizagem, a presença dessas condições não o prediz, invariavelmente, e existem muitos indivíduos com Transtornos da Aprendizagem sem essa história. Esses transtornos, entretanto, freqüentemente são encontrados em associação com uma variedade de condições médicas gerais (por ex., envenenamento por chumbo, síndrome alcoólica fetal ou síndrome do X frágil).
Conclusões no campo da Psiquiatria Infantil.
Os transtornos da aprendizagem acometem um número significativo de crianças na fase escolar. Trazem importante sofrimento e desgaste para os sujeitos, suas famílias e para as escolas. O diagnóstico destes transtornos ainda é um grande desafio para o clínico e para os demais profissionais envolvidos com a criança. Não há consenso em relação ao conceito e critérios diagnósticos, sabe-se contudo que os aspectos intrínsecos de funcionamento cerebral e de processamento de linguagem estão relacionados a estes transtornos. O diagnóstico diferencial que envolve a análise global do indivíduo, deve considerar eventos psicopatológicos, atrasos do desenvolvimento, patologias orgânicas, perturbações emocionais (psicodinâmicas) e eventos externos ao sujeito. A avaliação diagnóstica deve ser multidisciplinar, global e o mais acurada possível, permitindo assim estabelecer uma proposta eficaz de reabilitação.
Capítulo VII
Transtornos da Leitura
Capítulo VIII
Transtornos da Matemática
Capítulo IX
Transtornos da expressão escrita
Capítulo X
Transtornos da Aprendizagem(difusa)
AO CONCEITO DE TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM
A aprendizagem vem sendo estudada cientificamente desde o século passado, embora tenha tomado maior espaço e relevância no meio acadêmico entre as décadas de 1950 e 1970. Junto com os avanços obtidos com as pesquisas, diversos conceitos foram apresentados como uma tentativa de melhor explicar a aprendizagem e como se dá o seu processo. Apesar de existir diferentes conceitos, todos eles concordam que a aprendizagem implica numa relação bilateral, tanto da pessoa que ensina como da que aprende. Dessa forma, a aprendizagem é melhor definida como um processo evolutivo e constante, que envolve um conjunto de modificações no comportamento do indivíduo, tanto a nível físico como biológico, e do ambiente no qual está inserido, onde todo esse processo emergirá sob a forma de novos comportamentos. 1 Sendo a aprendizagem um processo constituído por diversos fatores, é importante ressaltar que além do aspecto fisiológico referente ao aprender, como os processos neurais ocorridos no sistema nervoso, as funções psicodinâmicas do indivíduo necessitam apresentar um certo equilíbrio, sob a forma de controle e integridade emocional para que ocorra a aprendizagem. Entretanto, "o desenvolvimento harmonioso da aprendizagem representa um ideal, uma norma utópica, mais do que uma realidade. Dessa forma, o normal e o patológico na aprendizagem escolar, assim como no equilíbrio psicoafetivo, não podem ser considerados como dois estados distintos um do outro, separados com rigor por uma fronteira ou um grande fosso"(Ajuriaguerra e Marcelli in Möojen, 2001). 2 Apesar disso, é importante estabelecer uma diferenciação entre o que é uma dificuldade de aprendizagem e o que é um quadro de Transtorno de Aprendizagem. Muitas crianças em fase escolar apresentam certas dificuldades em realizar uma tarefa, que podem surgir por diversos motivos, como problemas na proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas familiares ou déficits cognitivos, entre outros. A presença de uma dificuldade de aprendizagem não implica necessariamente em um transtorno, que se traduz por um conjunto de sinais sintomatológicos que provocam uma série de perturbações no aprender da criança, interferindo no processo de aquisição e manutenção de informações de uma forma acentuada. 1
UM CONCEITO PARA QUESTIONAMENTO(Será ?)
OS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM. Parte II.
Os Transtornos de Aprendizagem compreendem uma inabilidade específica, como leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual.3,4,5 Em 1988, o National Joint Comittee on Learning Disabilities apresentou uma conceituação muito bem aceita e aplicada sobre os problemas de aprendizagem 6 : "Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos manifestados por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se que são devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas não constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizado. Ainda que as dificuldades de aprendizado possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes como, por exemplo, transtornos emocionais graves ou com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou influências". Atualmente, a descrição dos Transtornos de Aprendizagem é encontrada em manuais internacionais de diagnóstico, tanto no CID-10, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (1992), como no DSM-IV, organizado pela Associação Psiquiátrica Americana (1995). Ambos os manuais reconhecem a falta de exatidão do termo "transtorno", justificando seu emprego para evitar problemas ainda maiores, inerentes ao uso das expressões "doença" ou "enfermidade"2.
Podemos citar as causas?
A real etiologia dos Transtornos de Aprendizagem ainda não foi esclarecida pelos cientistas, embora existam algumas hipóteses sobre suas causas. Sabe-se que sua etiologia é multifatorial, 6 porém ainda são necessárias pesquisas para melhor identificar e elucidar essa questão. 4 O CID-10 esclarece que a etiologia dos Transtornos de Aprendizagem não é conhecida, mas que há "uma suposição de primazia de fatores biológicos, os quais interagem com fatores não-biológicos". Ambos os manuais informam que os transtornos não podem ser conseqüência de:
*falta de oportunidade de aprender;
*descontinuidades educacionais resultantes de mudanças de escola;
*traumatismos ou doença cerebral adquirida;
*comprometimento na inteligência global;
*comprometimentos visuais ou auditivos não corrigidos;
Atualmente, acredita-se na origem dos Transtornos de Aprendizagem a partir de distúrbios na interligação de informações em várias regiões do cérebro, os quais podem ter surgido durante o período de gestação. 4
O desenvolvimento cerebral do feto é um fator importante que contribui para o processo de aquisição, conexão e atribuição de significado às informações, ou seja, da aprendizagem. Dessa foram, qualquer fator que possa alterar o desenvolvimento cerebral do feto facilita o surgimento de um quadro de Transtorno de Aprendizagem, 4 que possivelmente só será identificado quando a criança necessitar expressar suas habilidades intelectuais na fase escolar. Existem fatores sociais que também são determinantes na manutenção dos problemas de aprendizagem, e entre eles o ambiente escolar e contexto familiar são os principais componentes desses fatores. 6 Quanto ao ambiente escolar, é necessário verificar a motivação e a capacitação da equipe de educadores, a qualidade da relação professor-aluno-família, a proposta pedagógica, e o grau de exigência da escola, que, muitas vezes, está preocupada com a competitividade e põe de lado a criatividade de seus alunos. Em relação ao ambiente familiar, famílias com alto nível sociocultural podem negar a existência de dificuldades escolares da criança. Há também casos em que a família apresenta um nível de exigência muito alto, com a visão voltada para os resultados obtidos, podendo desenvolver na criança um grau de ansiedade que não permite um processo de aprendizagem adequado.
Dentro do referencia teórico podemos especular os tipos de TTA(abreviação dos autores).
Tanto o CID-10, como o DSM-IV apresentam basicamente três tipos de transtornos específicos: o Transtorno da Leitura, o Transtorno da Matemática, e o Transtorno da Expressão Escrita. A caracterização geral destes transtornos não difere muito entre os dois manuais. 2
Transtorno da Leitura . O Transtorno da Leitura, também conhecido como dislexia, é um transtorno caracterizado por uma dificuldade específica em compreender palavras escritas. Dessa forma, pode-se afirmar que se trata de um transtorno específico das habilidades de leitura, que sob nenhuma hipótese está relacionado à idade mental, problemas de acuidade visual ou baixo nível de escolaridade. 6
O DSM-IV classifica como critérios diagnósticos para o Transtorno da Leitura:
Rendimento da capacidade de leitura, como correção, velocidade ou compreensão da leitura, significativamente inferior à media para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.
A dificuldade de leitura apresentada pelo indivíduo interfere de modo significativo nas atividades cotidianas que requeiram habilidades de leitura.
Sob a presença de algum déficit sensorial, as dificuldades de leitura excedem aquelas habitualmente a este associadas.
A leitura oral se caracteriza por distorções, substituições ou omissões, e junto com a leitura silenciosa vem acompanhada por lentidão e erros na compreensão do texto.
Transtorno da Matemática O Transtorno da Matemática, também conhecido como discalculia, não é relacionado à ausência de habilidades matemáticas básicas, como contagem, e sim, na forma com que a criança associa essas habilidades com o mundo que a cerca. 1 A aquisição de conceitos matemáticos e outras atividades que exigem raciocínio são afetadas neste transtorno, cuja baixa capacidade para manejar números e conceitos matemáticos não é originada por uma lesão ou outra causa orgânica.7 Em geral, o Transtorno da Matemática é encontrado em combinação com o Transtorno da Leitura ou Transtorno da Expressão Escrita. O Transtorno da Matemática, segundo o DSM-IV, é caracterizado por:
A capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se substancialmente inferior à média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.
As dificuldades da capacidade matemática apresentadas pelo indivíduo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida diária que exigem tal habilidade.
Em caso de presença de algum déficit sensorial, as dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente a este associadas.
Diversas habilidades podem estar prejudicadas nesse Transtorno, como as habilidades lingüisticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos), perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras, observar sinais de operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).
Transtorno da Expressão Escrita Um transtorno apenas de ortografia ou caligrafia, na ausência de outras dificuldades da expressão escrita, em geral, não se presta a um diagnóstico de Transtorno da Expressão Escrita. Neste transtorno geralmente existe uma combinação de dificuldades na capacidade de compor textos escritos, evidenciada por erros de gramática e pontuação dentro das frases, má organização dos parágrafos, múltiplos erros ortográficos ou fraca caligrafia, na ausência de outros prejuízos na expressão escrita. Em comparação com outros Transtornos de Aprendizagem, sabe-se relativamente menos acerca do Transtorno da Expressão Escrita e sobre o seu tratamento, particularmente quando ocorre na ausência de Transtorno de Leitura. Existem algumas evidências de que déficits de linguagem e percepto-motores podem acompanhar este transtorno. O Transtorno da Expressão Escrita, de acordo com os critérios diagnósticos do DSM-IV, são:
A capacidade das habilidades de expressão escrita encontram-se significativamente inferior à media para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.
A dificuldade na expressão escrita apresentada pelo indivíduo interfere de modo significativo nas atividades cotidianas que requeiram habilidades de escrita, como escrever frases gramaticamente corretas e parágrafos organizados.
Na presença de algum déficit sensorial, as dificuldades de escrita excedem aquelas habitualmente a este associadas.
O problema se caracteriza por dificuldades na composição de textos, erros de gramática e pontuação, má organização dos parágrafos, erros freqüentes de ortografia e caligrafia precária.
Existe a possibilidade de tratamento.
A maioria das crianças necessita de intervenção psicopedagógica e/ou fonoaudiológica e continua participando das aulas convencionais oferecidas pela escola. Porém, existem casos em que o grau do transtorno exige que a criança passe por programas educativos individuais e intensivos. Independentemente do caso, é importante que a criança continue a assistir e a participar das atividades escolares normais. 7 Cabe ao profissional que acompanha a criança ou adolescente realizar contatos com a escola a fim de estabelecer uma maior qualidade do processo de aprendizagem, através da inter-relação dos aspectos exigidos pela escola e do que a criança é capaz de oferecer para suprir tais necessidades. 7
Além de um melhor enquadramento da proposta educacional, outras variáveis que implicam nos Transtornos de Aprendizagem deverão passar por um processo terapêutico. Assim, é necessário que ao se fazer uma avaliação de um quadro de Transtorno de Aprendizagem, o profissional esteja atento para identificar se existem fatores psicológicos que contribuem para a manutenção do problema. Caso esta variável esteja presente, o psicólogo é o profissional indicado para tratar dos problemas emocionais vinculados ao tipo de Transtorno. 4, 7 O tratamento farmacológico, associado ao atendimento psicopedagógico deve ser dirigido por um psiquiatra ou neurologista, sendo indicado, por exemplo, em casos nos quais as capacidades de atenção e concentração da criança encontram-se debilitadas. 4, 7
Capítulo XI
Fala, linguagem e ortografia
Capítulo XII
Condições neurológica ou perturbação sensorial
Capítulo XIII
Deficiência de leitura para faixa etária excedente
Capítulo XIV
Síntese conceitual dos temas derivados:
Secção I
Apraxias.
Secção II
Agnosias.
Secção III
Afasias.
Secção IV
Dislexias.
Secção V
Agrafias.
Secção VI
Amusias.
Secção VII
Acalculia.
Conclusão.
Bibliografia.
Capítulo II.
http://www.appi.org/
http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/
http://www.who.int/classifications/icd/en/
http://translate.google.com/translate_t?sl=en&tl=pt
Capítulo VI
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3.American Psychiatric Association, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – IV Editora Artes Médicas, Porto Alegre, RS 1995.
4.American Psychiatric Association, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - IV, disponível nos http://www.psiqweb.med.br/dsm/aprendiz.html, e também http://www.psiqweb.med.br/infantil/aprendiza.html, e http://www.jaacap.com
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Capítulo X.
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http://www.psiquiatriainfantil.com.br/atlas.asp
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